quinta-feira, julho 27, 2006

Na Praia

No Ballet das ondas um convite ao mergulho, na severidade da segurança local uma afronta ao desejo. De um lado um atraente mar azul, do outro um pequeno homem de feições rudes que vigia o M.A.M (Museu de Arte Moderna). Na paz das águas frescas, da praia que beira o museu, cresce a vontade de me afogar na tranqüilidade, desviar das ondas de problemas e flutuar de alegria naquela imensidão de vida. Mas é pelo zelo ao patrimônio histórico que o meu sonho se desfaz, na curta e grossa frase do segurança: “Proibido banhar-se nesse local”. Vejo o meu desejo de um mergulho ir por água abaixo.
Frustrado, apenas sigo admirando aquela incontestável beleza natural e penso que poderia encontrar a paz que se esconde do meu cotidiano. Vontade de ficar por algumas horas naquele momento aparentemente eterno. No entanto, não poderia desrespeitar as regras do local. Me dirijo a uma praia ao lado, próxima ao restaurante Solar do Unhão, e lá encontro uns garotos banhando-se, e em cada rosto uma alegria que há tempos eu buscava. Um momento simples e barato. Não era necessário dinheiro para desfrutar daquele momento, apenas alguns amigos, um sol incandescente e aquele mar. Ah, aquele mar! Somente isso era preciso para proporcionar tamanha felicidade a aqueles humildes garotos. Mas, algo tirou a atenção daqueles que ali brincavam com tamanha satisfação.
Contrastando com a simplicidade do momento daqueles garotos a beira da praia, uma lancha com outros adolescentes cruzou o horizonte, e de um lado a outro puxava a um outro que equilibrava-se em cima de uma prancha. Logo, aqueles que aparentavam estarem no ápice da sua felicidade, com as suas baratas brincadeiras de nadar e mergulhar, estamparam em seus olhares um semblante misto de tristeza e de desejo. Colocar-se no lugar daqueles da lancha parecia ser mais divertido. O simples fato do aparecimento daquela lancha, mostrou-a tão necessária quanto o mar, o sol e os amigos. Apenas esses elementos não bastariam para ser feliz. Tudo perdeu a graça para aqueles humildes garotos. Nada mais valeria a pena se eles não possuíssem também aquele objeto, uma força maior que pudesse puxa-los pelo mar da vida. Da vida daqueles que se almejassem chegar a algum lugar teriam que nadar com a força dos seus próprios braços, não poderiam contar com o dinheiro dos pais humildes.
No final desta tarde ensolarada algumas reflexões ocuparam a minha cabeça. Após ter o meu desejo de mergulho banido na primeira praia e depois observar a brincadeira dos adolescentes de dois mundos distintos, percebi que passamos grande parte das nossas vidas frustrando-nos com desejos impossibilitados, enquanto podemos erguer a cabeça e realiza-los logo mais na frente, como pude fazer na outra praia em que encontrei. Sem contar das vezes que deixamos de aproveitar simples momentos, que a própria condição humana e a natureza nos oferecem sem cobrar nada, para sonharmos com objetos que para possuirmos precisamos pagar um preço muito alto aos homens.

Bruno Sales

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

i ai pimenta blz??? ... rpz.... tah massa seu blog... vc escreve muito rapah... dessa forma vc vai longe...aparti de agora vou esta sempre frequentando seu blog.....ateh mais sacaninha

27.7.06  
Anonymous Anônimo said...

heeee

como sempre
otimo texto man
xDD

parabens
abraço

27.7.06  
Anonymous Anônimo said...

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9.8.06  
Anonymous Anônimo said...

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16.8.06  

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