quinta-feira, março 15, 2007

A Cara do Brasil

Extra, extra! A cara do Brasil está estampada nos jornais. Extra, extra! A cara do Brasil está estampada nos jornais. Um menor de 16 anos assalta banco, faz três reféns e tira a vida de um deles. J.M.J na companhia de outros três comparsas rendeu o segurança de uma agência do Banco do Brasil e saqueou a quantia de R$ 100 mil. Com a chegada da polícia três menores conseguiram fugir e J.M.C, que ficou encurralado, rendeu um aposentado, uma jovem e um advogado e os colocou em uma sala da agência. Cercado por mais de quatro horas por policiais fortemente armados, o menor entrou em desespero e atirou na jovem Maria das Graças Conceição, de 18 anos. A jovem chegou a ser socorrida, mas morreu a caminho do hospital. O menor foi preso logo em seguida em uma ação da polícia.

J.M.J encontra-se agora em uma unidade de recuperação para menores no centro da cidade. A pena para o menor é de no mínimo três anos. Ele será indiciado por assalto à mão armada, seqüestro e homicídio. O futuro do Brasil está preso. Um futuro jornalista, advogado, médico ou professor está preso. Agora o jovem cursa a universidade do crime. Ele não precisou de vestibular, nem de conhecimento. Apenas de atitude, ou talvez de desespero. E a jovem de 18 anos, universitária, cursava medicina, tornou-se mais uma vítima do futuro preso. Dois lados, dois mundos. De um lado a favela que sobrevive a vida cruel. Do outro a classe média que viveu cruelmente a sobrevivência da favela.

Essa é a cara do Brasil! A cara do Brasil não está na Caras. A cara do Brasil não pega jatinho e passa um final de semana na ilha particular. A verdadeira cara do Brasil pega ônibus e passa o final de semana ilhado sem ter dinheiro pra gastar. O Brasil do luxo não é do brasileiro. O Brasil do luxo é uma herança do homem branco europeu. O verdadeiro Brasil é uma herança da exploração aos índios, aos negros, aos mestiços. É o lixo que restou do luxo. A exploração nunca acabou. Apenas as terras já foram tomadas. O espaço está completo. Não há espaço para mais nada. Não há espaço para J.M.J. Nem mesmo nas cadeias. J.M.J já nasceu apertado, em um barraco com mais de quatro irmãos, J.M.J nunca estudou. O seu único sonho era jogar na seleção. J.M.J se tornou bandido, inimigo da nação. Tudo que ele queria era ser herói. Ter uma bola no pé. Mas já nasceu com uma arma na mão.
Bruno Sales
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