quinta-feira, julho 27, 2006

Carnaval e Futebol

“Nessa terra a dor é grande e a ambição pequena, carnaval e futebol”, não precisaria de mais nenhum verso da canção “Tieta”, de Caetano Veloso, para tratar dos dois maiores orgulhos do Brasileiro e ao mesmo tempo dos dois principais meios de alienação. Ao mesmo tempo que encanta, agita, alegra e orgulha, tanto o carnaval como o futebol, ambos nos alienam e mascaram a verdadeira realidade do Brasil. Orgulhosos do nível de habilidade de cada um dos nossos jogadores e das lindas mulheres e envolventes músicas do carnaval brasileiro, esquecemos dos nossos maiores problemas e dificuldades.

Envergonhamo-nos da nossa corrupção, criminalidade e má distribuição de renda. Mas em compensação nos escondemos atrás da fama do nosso futebol e carnaval, para mostrarmos ao mundo que enfim temos algum talento, que apesar de tudo significamos alguma coisa. Posso afirma-me como patriota nato, e também torcedor da nossa seleção brasileira, mas me pergunto: o que seria das nossas eleições se tivéssemos ganho o titulo mundial? Longe de qualquer pretensão ou campanha política, apenas imagino o presidente Lula com um sorriso no rosto cumprimentando um a um dos nossos “heróis” nacionais em plena véspera de eleição. E de uma forma ou de outra, tirando a sua lasquinha, como se ele também fosse um dos heróis na conquista do titulo. Não era nascido, mas já ouvir falar muito a respeito do tricampeonato mundial brasileiro, que tudo não passou de uma jogada política, para tirar da cabeça dos brasileiros a crise que estávamos passando. Assim como a França em 1998, aliviou e muito as tensões políticas que vivia, com a conquista do titulo.

Não posso contestar da alegria que o carnaval e o futebol nos trazem, tamanha condição de felicidade que engole nossas preocupações e problemas e nos faz esquecer de tudo. Mas que problema teria em ser feliz? O que há de errado nisso? Nada, na felicidade nada. Mas o esquecer dos problemas nos afasta dele, mas não os resolve e a cada campeonato de futebol e carnaval, as dificuldades e os problemas se renovam, e nunca conseguimos resolve-los. E não só de carnaval e futebol vive o homem, assim que precisamos substituir alguns do nosso time político e entrosar os corretos que ficam, acertando os passos e a batida do nosso Brasil. Mas, infelizmente, “nessa terra a DOR é grande, e a AMBIÇÃO pequena, carnaval e futebol”.


Bruno Sales

Na Praia

No Ballet das ondas um convite ao mergulho, na severidade da segurança local uma afronta ao desejo. De um lado um atraente mar azul, do outro um pequeno homem de feições rudes que vigia o M.A.M (Museu de Arte Moderna). Na paz das águas frescas, da praia que beira o museu, cresce a vontade de me afogar na tranqüilidade, desviar das ondas de problemas e flutuar de alegria naquela imensidão de vida. Mas é pelo zelo ao patrimônio histórico que o meu sonho se desfaz, na curta e grossa frase do segurança: “Proibido banhar-se nesse local”. Vejo o meu desejo de um mergulho ir por água abaixo.
Frustrado, apenas sigo admirando aquela incontestável beleza natural e penso que poderia encontrar a paz que se esconde do meu cotidiano. Vontade de ficar por algumas horas naquele momento aparentemente eterno. No entanto, não poderia desrespeitar as regras do local. Me dirijo a uma praia ao lado, próxima ao restaurante Solar do Unhão, e lá encontro uns garotos banhando-se, e em cada rosto uma alegria que há tempos eu buscava. Um momento simples e barato. Não era necessário dinheiro para desfrutar daquele momento, apenas alguns amigos, um sol incandescente e aquele mar. Ah, aquele mar! Somente isso era preciso para proporcionar tamanha felicidade a aqueles humildes garotos. Mas, algo tirou a atenção daqueles que ali brincavam com tamanha satisfação.
Contrastando com a simplicidade do momento daqueles garotos a beira da praia, uma lancha com outros adolescentes cruzou o horizonte, e de um lado a outro puxava a um outro que equilibrava-se em cima de uma prancha. Logo, aqueles que aparentavam estarem no ápice da sua felicidade, com as suas baratas brincadeiras de nadar e mergulhar, estamparam em seus olhares um semblante misto de tristeza e de desejo. Colocar-se no lugar daqueles da lancha parecia ser mais divertido. O simples fato do aparecimento daquela lancha, mostrou-a tão necessária quanto o mar, o sol e os amigos. Apenas esses elementos não bastariam para ser feliz. Tudo perdeu a graça para aqueles humildes garotos. Nada mais valeria a pena se eles não possuíssem também aquele objeto, uma força maior que pudesse puxa-los pelo mar da vida. Da vida daqueles que se almejassem chegar a algum lugar teriam que nadar com a força dos seus próprios braços, não poderiam contar com o dinheiro dos pais humildes.
No final desta tarde ensolarada algumas reflexões ocuparam a minha cabeça. Após ter o meu desejo de mergulho banido na primeira praia e depois observar a brincadeira dos adolescentes de dois mundos distintos, percebi que passamos grande parte das nossas vidas frustrando-nos com desejos impossibilitados, enquanto podemos erguer a cabeça e realiza-los logo mais na frente, como pude fazer na outra praia em que encontrei. Sem contar das vezes que deixamos de aproveitar simples momentos, que a própria condição humana e a natureza nos oferecem sem cobrar nada, para sonharmos com objetos que para possuirmos precisamos pagar um preço muito alto aos homens.

Bruno Sales

quarta-feira, julho 26, 2006

O Abismo


O Amanhã é um abismo que nos deparamos todos os dias. Se iremos alçar vôo ou despencar, depende dos instrumentos que colhemos durante a estrada chamada ontem. Asas conquistadas no passado, usadas no presente, possibilitarão o vôo futuro. Assim como uma colheita de pedras, aumentará o fardo e nos levará a despencar. No Abismo do Amanhã muitos podem nos empurrar abaixo, no entanto, outros podem nos erguer a vôo e nos ajudar a chegar a plenitude celeste. O que você vive hoje é fruto do seu passado e o seu agora te fará voar ou despencar amanhã.

Bruno Sales

terça-feira, julho 25, 2006

A Corrida

A largada foi dada! Homens e mulheres, de todas as cores, raças e idades, todos numa só corrida. Alguns acabam de entrar, outros repentinamente acabam de sair. Uns ficam pra trás, outros tomam a frente. Alguns caem, outros levantam. Alguns pisam, outros são pisoteados. O prêmio é desconhecido, talvez não tenha tanta relevância assim. O importante é correr, e apenas se corre. Mas, correr para que? A maioria não sabe, muitos desconfiam, alguns se perguntam e outros não querem nem saber, ou nunca pararam para pensar. A regra é dura, a penalidade é severa. Depois que se entra não é tão fácil sair, só existe um meio, e talvez não seja a melhor opção. Apenas se corre e se corre. Cuidado para não cair! Uma mão pra levantar está complicada, afinal trata-se de uma corrida e todos são competidores. A vitória de um pode levar a derrota do outro, não é mesmo? Por isso bons tênis e cuidado com os buracos e as pedras, sem deixar de lado os obstáculos que você deve pular. Não se esqueça de quem vem logo atrás de você e, se necessário, atropele o da frente. O que não pode é cair. Pronto, parece que estamos chegando ao final, já é vista a chegada e logo a surpresa, lá esta o podium com lugares para exatamente o número de participantes da corrida. “E, aonde está o prêmio?” Alguém pergunta. Outro responde: - Que prêmio? O prêmio está em você, na sua mente e coração, naquilo em que você se tornou ao final da corrida da vida.
Bruno Sales
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